domingo, 13 de maio de 2012

Distinção de classe, aquisição de um corpo



Vamos lá, às apostas!
Hoje a roupa não distingue? Ingenuidade achar isso.
Mas tem uma coisa que distingue mais que a roupa.
O corpo.
Observe nas fotos acima.
Uma periguete e a outra modelete.
As duas estão com roupas semelhantes.
Só que uma é bombada e a outra skeleton.
Uma é latina e a outra nórdica.
A indumentária e adornos podem não distinguir.
A qualidade também distingue. 
Cabelos super bem tratados, pele perfeita. 

Isso é o machismo mais aperfeiçoado. 
A livre iniciativa chega aos corpos:
Por exemplo, Juliana Paes e celulite. Milhares de pessoas se sentiram ofendidas pelo fato de ter sua bunda imperfeita exposta. Ou seja, a mulher além de ter que representar os papéis oficiais ainda por cima tem que praticar o auto-aprimoramento em seu corpo. E é isso que diferencia. Como no século XIX que ela tinha que ser arrumada feito um bibelô, hoje ela tem que ser linda como La Bünchen.

Outra coisa, não venham com a conversa de que isso é controlado pelas próprias mulheres. 
Claro, elas são burras quando reproduzem, mas isso é imposição machista do século XIX. 
E se a mulher recusa se arrumar, os caras dizem que é sapatão.

Em dúvida, chame uns amigos para assistir futebol, dê cerveja e em cinco minutos, o controle começa…bom, às vezes nem precisa ser futebol, intelectuais (ou pseudo né) também preferem uma juventude eterna. Olha, assim como comprar um carro destaca a macheza, uma mulher assim do lado é o mesmo que era no século XIX. Não mudou, nada. Ou pior, ficou pior.  A periguete é pra comer, a princesa é pra casar.

Os comentários eram: "jamais alguém pode sair com a bunda assim. 

Ela é preguiçosa, devia ir pra academia".

Coisas do tipo, furiosas, raivosas, ignorantes.
Outro exemplo é a mulher do Pierce Brosnam.
Ele foi visto na praia, aos beijos com a esposa que estava acima do peso.
Todos os blogs, sites do mundo que anunciaram, tiveram reações absurdas.
Leia aqui no escreva lola escreva. 
O que eu penso na hora é um certo senhor Guatarri. 
Que já dizia que as subjetividades estão cada vez mais achatadas. 
E que na singularidade você pode ampliar, abrir suas visões de mundo.
Enquanto o mundo for assim, com as pessoas olhando pro lado, 
examinando, controlando o outro e deixando de ser, medindo, comparando e 
simular por medo do olhar do outro, 
o mundo vai continuar uma merda, um lugar insuportável que você finge que atura.

É que hoje dei uma olhada em blogs e parece que as coisas estão regredindo. Muitos blogs que apostavam numa estética ética estão se vendendo. E claro, isso é tentador, nem vou dizer que não faria. 

Eu tenho muitos amigos que não concordam. Que existe dresscode para certos eventos, que isso e aquilo. Mas eu não sei, acho que para amortecer essa sociedade de controle, somente zoando o método. Zoando as identidades. É a única saída. 












Um comentário:

Rosane Schneider Faanes disse...

Well said, Leninha!
Concordo plenamente e assino embaixo...