segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Modelos de Feminilidade e a existência mimada



Cordelete Thierry Mugler


Estava pensando em uma passagem do Livro Moda e Comunicação de Barnard, na qual ele comenta que os dois modelos de feminilidade são as sereias sexies e perigosas e as donas de casa. Engraçado, mas se analisarmos todos os estilos que existem hoje, podemos entrecruzar esses dois modelos.  A estética dos anos 60 e 70, hippie, é muito mãe. Batas e volumes nos quadris, revelando a maternidade. As cinquentinhas tatuadas e independentes são sereias. As cinquentinhas românticas, donas de casa. A futurista anos 80 era total curve, como as mulheres de Thierry Mugler, sereias em tudo!

Depois dos anos 90, a estética de infantilizar veio forte, influência japonesa (Fruits) e do vazio que toma conta daquela época: onde ninguém poderia ter uma conversa adulta (tudo era ridicularizado com a frase :"ai, que papo cabeça"). Isso que nem vou falar nos homens, com seus brinquedinhos e o arremate pueril. Mas as sereias hoje estão nas Barbies anoréxicas, secas e sem curvas. Como? Não faz muito sentido, Barbie sereia? É, existe uma sereia na anoréxica Barbie Sereia. E ela ainda não completou 18 anos e nem nunca vai completar, quer ter sempre seu corpo de adolescente. Para que os homens exigentes possam ter  mais um brinquedinho. Aliás, o conceito mais legal dos últimos dias foi o de Bauman, sobre a existência mimada: de tanto o marketing se esforçar para nos atender em tudo e satisfazer os desejos mais loucos e absurdos, viramos seres comodizados. O problema é que queremos que nossas relações sejam assim, baseadas no interesse e tendo como base o valor de mercado. Portanto, para sermos aceitos, precisamos nos construir desde que nascemos, desde que possuímos um nome. Temos que nos construir e o mais triste de tudo é perceber que as crianças estão incorporando essas regras e enxergando no consumo a ferramenta mais importante de socialização. Mas não acreditem quando dizem isso, que o consumo ajuda a explicar a realidade e a nos enxergarmos. É ilusão, pura ilusão. É o espelho da madrasta, ela se via mas queria tudo pra ela. O consumo só nos torna mais consumíveis, para explicar a realidade precisamos pensar, refletir e criar. Isso o consumo não nos dá, ele é o escape disso.
OBS: Não que eu seja contra o consumo. Eu sou a favor do consumo consciente e de poder ver coisas bonitas mas saber que não precisa ter tudo, querer saber de onde vem, não cair nas ilusões do produto que se diz sustentável sem pesquisar e sou completamente a favor de comprar produtos feitos por pessoas em casa, artesanalmente, de comunidades que preservam sua cultura, etc... 


Nenhum comentário: