terça-feira, 28 de junho de 2011

I Think


Stylist de Hercules Terres e fotografia de  Andre Azevedo e Felipe Potenza. Os três estavam em Berlim por estes dias e produziram este editorial I think.
Bom, um material ótimo sempre acontece quando os três se envolvem com algo. Não sei se já haviam trabalhado juntos. Mas deu certo. 
 O editorial chama a atenção por jogar o pensamento num editorial de moda. E isso é tão inusitado, já que o escapismo e a futilidade beirando à idiotice é que andam rondando as ideias neste meio. Eu cansei de imbecilidade, e você? Para mim não interessa a ideia de juventude, luxo, riqueza em uma superfície que na verdade espelha uma enorme falta de tudo. É preciso refletir. 


Nisso o editorial acerta em cheio. A primeira coisa que vem à cabeça é o que Hercules disse sobre os olhos de papel, papel de livro recortado, cílios de papel. Por um lado demonstra interesse e como afirmou Habermas, sem interesse não há conhecimento. E segundo, a subjetividade, ou seja, a visão de mundo. Depois pensamos, I think, eu penso...é a hora que você se posiciona perante o mundo. E não podemos deixar de pensar que foi feito na Alemanha. Terra de Habermas, Kant, Nietzsche, Adorno, Benjamin, Horckheimer, etc...
  
Eles se inspiraram na tendência de alfaiataria para a próxima estação. Os colarinhos e punhos de papel. Associei isso à revolução industrial. Houve uma mudança enorme na indumentária masculina, que sempre teve mais adornos que a feminina. Mas no século XIX, o terno entra em cena. Ele simbolizava o homem que trabalhava, é um símbolo do trabalho. E símbolo da especialização  e os contratos, feitos em papel,  asseguravam que o trabalho fosse cumprido. E o terno também significa o trabalho pelo trabalho.
  
Janelas não faltam e lembram claro, a promessa iluminista. Através do conhecimento científico iremos sair das trevas. Penso logo existo de Descartes e Saber é poder de Bacon. O que fazer se você não consegue poder pois não é da aristocracia nem do clero? Conhecimento! Mas isso hoje não existe mais. O que importa é consumir.  Você não é nada se não tiver carro. Um ET! E o consumo te joga nas trevas...eita nóis!



Mas existem outros conhecimentos além do científico. Existe o senso comum e minha professora de filosofia um dia contou que quando o pai dela não conseguiu fazer vingar uma semente, os cientistas disseram para ele: Olha, nós colocamos na estufa e ela germinou". Ora, como fazer uma estufa para 3 mil hectares?

Então a luz pode vir  do senso comum também. Aquela história comum na Barra da lagoa. ____Olholholhó, rabo de peixe, vai entrar vento sule!
Aprendi isso com eles e nunca erro. É conhecimento antigo e deve ser valorizado. 

Existe o conhecimento que vem da filosofia. Baseado no mergulho profundo nas ideias e voltar com os olhos injetados de sangue, como dizia Mellville. 
O que importa deste editorial é essa visão de mundo, mais artística.  A arte deve explicar a realidade. Não o consumo. Senão dá no que dá, subjetividades achatadas, como diz Guattari.

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